
Estavam ilhados aqui em Campo Grande, ninguém sabia se quer, o nome dos acordes músicais.
No final dos anos 70 foi para o Rio de Janeiro com a sua irmã Terezinha, eles já tinham um grupo chamado Luz Azul, cujo embrião desse conjunto deu origem ao festival estudantil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, (UFMS). Em 72 o irmão Geraldo ganhou o festival, com uma música chamada “Ponha na sua Cabeça”, dividindo o palco do evento com Celito e Tête.
No rio de janeiro, trabalhou como fotógrafo, entre outros empregos, ficou lá 1 ano e 2 meses, depois mudou-se para São Paulo, onde sentiu-se muito mais acolhido e respeitado pelo seu talento, não por indicações ou coisas do gênero. Passou em um concurso do banco BNH, e após 4 meses em São Paulo, ele e Tête conseguiram apresentar seus trabalhos para Roberto Menescau. Fizeram contrato com uma das maiores gravadoras do Brasil e levaram os irmãos Geraldo e alzira pra lá. Formaram o grupo Lírio Selvagem, saborearam o sucesso, mas, gravaram juntos um único disco, por inúmeros motivos, mas o principal seria divergência sobre estilos musicais.
Celito e Geraldo voltaram para Campo Grande, e as irmãs seguiram carreira solo, mesmo sendo procurados pela gravadora, mantiveram a decisão e o grupo teve fim prematuro. A partir daí construiu sua trajetória exclusivamente voltada para o fortalecimento da identidade músico-cultural do nosso estado. Na década de 90 aprimorou-se como produtor musical, dirigindo álbuns de artistas locais e lançou com sucesso de crítica o CD-solo "Celito Espíndola".Em 1996 criou o grupo Chalana de Prata juntamente com Paulo Simões e Dino Rocha buscando um resgate da verdadeira música pantaneira. Depois lançaram o CD Chalana de Prata. Fazem muitas apresentações no Estado de Mato Grosso do Sul e também em outros estados brasileiros. Formado por autores que se conhecem desde criança: Paulo Simões, Celito Espíndola, Guilherme Rondon e o sanfoneiro Dino Rocha, fazem sucesso há oito anos. O Chalana de Prata chama para si a responsabilidade de traduzir, para o grande público, o que vem a ser a música do Pantanal.. Os artistas conservam influências dos ritmos fronteiriços, como a Polca e o Chamané.
Celito disse estar muito feliz com a homenagem feita à familia, pelo nome dado à concha acústica da Praça do Rádio. Não somente pelo fato de ser sua familia, mas muito mas pela valorização dos artistas do nosso estado. Existe um sonho que ele ainda quer muito realizar, ser vovô. Os filhos são todos adultos, mas nem um ainda se prontificou a dar essa alegria ao pai coruja, que demonstra muito afeto pela familia. Um bom exemplo da admiração pelos familiares, seria a forma de falar do potencial do irmão caçula e do sucesso inegavel de Tetê
Ao ser indagado se haveira algum momento de sua vida que merecia destaque, algo relevante que poderia ser compartilhado com os acadêmicos, Celito foi surpreendente: “Sim, o dia que descobri não ter vocação para carreira músical”. Logo, argumentou convincentemente o fato desse dia ser considerado positivo. Celito descobriu que não tinha paciência para ficar dez, quinze anos perseguindo o sucesso. Jamais ficou frustrado ou duvidou da sua vocação musical, porém, não queria ficar focado em um único projeto. Apartir desse dia começou a se preparar para lecionar, produzir, compor e defender a identidade da cultura Sul-mato-grossense.
Celito é professor, produtor, compositor, tem uma voz linda, singular e uma serenidade enorme, quase do tamanho de sua simpatia. Diz ser muito perfeccionista, mas, está muito feliz com sua carreita, com a qualidade e pluralidade músical no estado, principalmente por parte dos jovens. Celito certamente é um exemplo de pessoa e um legítimo representante do no nosso estado, a ele todo o nosso carinho e admiração.
Celito Espindola
9ºFestival de Inverno de Bonito
Foto: Site Overmundo
Texto: Maria Francisca e Marcos Ribeiro